GLOBALISMO, GLOBALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO?

O que globalizou foi o fenômino do Estado-Nação. Agora tem Estado Nacional para todos os lados. No início do século XX, eram 60 países, no máximo. Agora tem 200 Estados. O capital, quanto mais fortalece e expande, mais fica nacionalista.

(José Luis Fiori)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Etapa 3 - a) Histórico do Processo de Globalização e o Desenvolvimento do Sistema Capitalista: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade

Para falar sobre o histórico do processo de globalização e o desenvolvimento do sistema capitalista, achamos interessante utilizar,também, o texto Globalização em Questão: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade, dos autores Paul Hirst e Grahame Thompson.
O texto tem um argumento interessante de que não existiram fases radicais de mudanças, ou melhor, Hirst e Grahame registram um certo ceticismo em relação `a idéia  de que nós entramos em uma fase radicalmente nova da internacionalização da atividade econômica.
Lendo esses dois primeiros parágrafos muitos já discordam e pensam “ então as coisas permaneceram imutáveis?” Não, o texto mostra que reorganizações fundamentais foram e continuam sendo feitas na economia internacional, o que não significa que as coisas não mudaram ou que são totalmente novidade.
Os autores tratam, portanto, do histórico do processo de globalização, através da análise das reorganizações da economia internacional. Eles começam dizendo que muitos consideram o surgimento da globalização da atividade econômica após a década de 60, a qual foi um período de emergência da atividade multinacional e do rápido crescimento do comércio internacional. Subsequentemente, com o colapso do regime da taxa de câmbio semifixa de Bretton Woods, no período de 1971-1973, a expansão dos investimentos em títulos públicos internacionais e empréstimos bancários começou seriamente enquanto os mercados de capitais rapidamente se internacionalizaram, juntando-se `a complexidade das relações econômicas internacionais e proclamando a globalização genuína de uma economia mundial integrada e interdependente.
O volume do comércio exterior mundial expandiu em torno de 3,4% ao ano, entre 1870 e 1913. Após 1913, o comércio foi adversamente afetado pelo crescimento de tarifas, restrições quantitativas, controles de câmbio e, depois, pela guerra, e expandiu, em média, menos que 1% ao ano, entre 1913 e 1950.
As multinacionais industriais surgiram na economia mundial, após meados do século XIX, e que foram bem estabelecidas pela Primeira Guerra Mundial. A atividade de negócios internacionais cresceu vigorosamente na década de 20, quando a corporação multinacional verdadeiramente diversificada e integrada amadureceu, mas diminuiu durante a depressão dos anos 30 e os transtornos da guerra na década de 40, reiniciando uma expansão flutuante, após 1950.
Após 1950 o comércio realmente decolou para crescer mais do que 9% ao ano até 1973. Entre 1973 e meados da década de 80, a taxa de crescimento caiu, voltando a se aproximar dos níveis do final do século XIX e expandindo-se a uma taxa de apenas 3,6%.
Outra área que Paul Hirst e Grahame Thompson utilizam para analisar a história da economia internacional é a migração e as suas conseqüências para a integração do mercado de trabalho global. Para esses autores o significado de global é que, desde meados da década de 70, particularmente, um numero bem maior de países tem sido afetado pela migração, tem havido uma crescente diversidade de áreas de origem para migrantes e estes fazem parte de uma gama de condições socioeconômicas mais ampla do que antes. Assim, para esses autores, a globalização registra muito mais uma mudança quantitativa na extensão e no campo da migração do que uma característica de ordem socioeconômica potencialmente diferente. Mas entre as duas guerras mundiais, a migração internacional diminuiu bastante, pois as condições econômicas dos países reduziram e políticas restritivas de imigração começaram a serem estimuladas por muitos países receptores tradicionais, especialmente os Estados Unidos.
Dessa maneira, ambos autores concluem dizendo que a economia internacional era de muitas maneiras mais aberta no período pré-1914 do que tem sido, em qualquer momento, desde aquela época, inclusive do que do final da década de 70 em diante. O comércio internacional e os fluxos de capital, tanto entre as próprias economias rapidamente industrializadas quanto entre estas e seus diversos territórios coloniais, eram mais importantes em relação aos níveis do PIB  antes da Primeira Guerra Mundial do que provavelmente são hoje. Hirst e Thompson afirmam que além da questão da migração internacional, hoje temos uma economia internacional extraordinariamente desenvolvida, aberta e integrada. Portanto, de forma alguma, o período atual é novidade.


HIRST, Paul; THOMPSON, Grahame. Globalização em Questão: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade.  VOZES, Petrópolis, RJ, 2002.

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