GLOBALISMO, GLOBALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO?

O que globalizou foi o fenômino do Estado-Nação. Agora tem Estado Nacional para todos os lados. No início do século XX, eram 60 países, no máximo. Agora tem 200 Estados. O capital, quanto mais fortalece e expande, mais fica nacionalista.

(José Luis Fiori)

terça-feira, 30 de março de 2010

Etapa 3 c) e d) Processo de Globalização e Capitalismo: Mundialização: O Capital Financeiro no Comando

Para Chesnais o capital financeiro industrial e o financeiro “puro” estendem-se por quase todo o mundo, de modo que os grandes bancos, os fundos de investimentos, as sociedades financeiras e as grandes companhias de seguros comandam e se beneficiam desta nova forma do capitalismo. No entanto, estas instituições não chegaram nesta posição de vantagem se não contassem com a ajuda dos Estados, diga-se de passagem, dos países desenvolvidos que incentivaram o crescimento destas, pois também serviriam aos seus interesses. No que Chesnais diz “Sem a ajuda ativa dos Estados, os FMN e os investidores financeiros institucionais não teriam chegado às posições de domínio que sustentam hoje e não se manteriam tão à vontade nessas posições. A grande liberdade de ação da qual eles gozam no plano doméstico e a mobilidade internacional quase completa que lhes foi dada, necessitaram de inúmeras medidas legislativas e reguladoras de desmantelamento de instituições anteriores e de colocação no lugar das novas” (CHESNAIS, 2005).
O autor vai além ao afirmar que a globalização não é um processo integrador, muito pelo contrário, a globalização é desigual e excludente, pois a globalização e/ou capitalismo separa ainda mais os ricos dos pobres, existe, portanto, uma polarização na qual os Estados ricos ficam cada dia mais ricos, e os países pobres cada vez mais pobres. Neste sentido Chesnais (2005) tem frisado bastante é a questão da Tríade (a América do Norte, a Europa Ocidental e o Japão) na qual partirão todas as importantes decisões que irão repercutir mundo afora, principalmente dos Estados Unidos, que segundo ele “os Estados Unidos são o pivô de tudo e o ponto de onde partem os mais importantes impulsos em direção às outras partes do mundo, tanto do “Norte” como do “Sul”. Os Estados Unidos são também, deste modo, o ponto em direção ao qual convergirão em compensação, mais cedo ou mais tarde, as principais contradições da mundialização, principalmente os fatores sistêmicos de fragilidade financeira”. Por fim, o autor deixa claro que a mundialização do capital não é “americana”, mas sim capitalista, de todos os países.


CHESNAIS, François. Mundialização: O Capital Financeiro no Comando. Disponível em:
http://74.125.155.132/scholar?q=cache:vvXqZ3ul80EJ:scholar.google.com/+Mundialização:+o+capital+financeiro+no+comando&hl=pt-BR&as_sdt=2000




sábado, 27 de março de 2010

Etapa 3 c) e d) Processo de Globalização e Capitalismo: Globalização não é um Jogo Inocente - Entrevista com Nicholas Stern

Como já tratado no post anterior, segundo Nicholas Stern, a globalização não é um jogo inocente. Ele define a globalização como um processo que envolve integração de capitais, de pessoas e integração comercial e cultural. Portanto ele afirma, em sua entrevista ao jornal Folha de São Paulo, que os países só devem abrir suas economias nos setores em que sabem que são competitivos, pois ele reconhece que a derrubada de barreiras não deve ser feita de forma ingênua, os países em desenvolvimento devem procurar abrir suas economias naquilo que lhes for vantajoso comercialmente.
Nicholas Stern classificou a Índia e a China como " nações mais globalizadas", ele fez essa análise através da integração comercial dos paises e o impacto dessa integração no crescimento e na redução da pobreza. "Acho que esse é o único critério "limpo". Não quis julgar nem avaliar outras políticas ou os instrumentos que os países usaram para elevar o comércio".O ex-economista chefe do Bird afirma que houve mudanças positivas nos índices de crescimento e de pobreza desses países depois de iniciarem uma integração comercial.
Sobre o Brasil, Stern defende a idéia de que o país não deve usar o protecionismo dos países industrializados para adotar suas próprias medidas protecionistas e protelar a abertura comercial. De acordo com ele, o Brasil e outros países em desenvolvimento devem abrir suas economias naquilo que lhes for vantajoso comercialmente. É o caso da Índia, Nicholas Stern cita, que derrubou as barreiras quando concluiu que elas já não mais eram benéficas. A decisão foi tomada pelos indianos, não por outros países. "Não é ingênuo derrubar barreiras de maneira seletiva" afirma Nicholas Stern.


Entrevista com Nicholas Stern, Dezembro de 2001, “Globalização não é um jogo inocente”. Disponível em: http://www.globalizacion.org/entrevistas/SternGlobzBancoMundial.htm





Etapa 3 – c) e d) O Processo de Globalização e o Capitalismo: Globalização não é um Jogo Inocente

O ex-economista chefe do Bird, Nicholas Stern, veio ao Brasil em 2001 para divulgar o relatório do Banco Mundial “Globalização, Economia e Pobreza” ocasião na qual concedeu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo. O relatório tem enfoque na relação aumento do comércio x redução da pobreza e Stern afirma que não é ingênuo, pelo contrário, é benéfico que um país derrube barreiras comerciais de maneira seletiva, em pontos estratégicos, independente do protecionismo dos países ricos.
Tal relatório aponta para China e Índia como as nações mais globalizadas, mas Stern esclarece dizendo que o conceito de globalização utilizado foi o de integração comercial e, que estes países, depois de derrubarem barreiras comerciais foram beneficiados. “Houve mudanças positivas nos índices de crescimento e de pobreza desses países depois de iniciarem uma integração comercial”.
Segundo Stern “se a globalização não é uma receita imediata para dar fim à pobreza em todos os lugares, ela certamente reduz nas economias comercialmente integradas”. Podemos notar que, frente a esta declaração, o Bird se posiciona de acordo com a corrente transformacionalista da globalização, pois acreditam que o desenvolvimento capitalista afeta outras dimensões, além da econômica.


Entrevista com Nicholas Stern, Dezembro de 2001, “Globalização não é um jogo inocente”. Disponível em: http://www.globalizacion.org/entrevistas/SternGlobzBancoMundial.htm
Para saber mais: SOUZA, Nali de Jesus. Globalização, Crescimento e Pobreza: A visão do Banco Mundial sobre os efeitos da globalização. Disponível em: http://www.nalijsouza.web.br.com/globalizacao.pdf. Visualizado em: 26 de Março de 2010.



Etapa 3 - c) e d) O Processo de Globalização e o Capitalismo: A Vitória dos Ricos na Globalização

O texto começa com uma frase que sintetiza parte do pensamento dos céticos quanto ao fenômeno da globalização: “As regras do jogo do capitalismo global por enquanto favoreceram muito mais os países industrializados do que as nações em desenvolvimento". Isso foi dito em Maio de 2002, momento da publicação do artigo na Revista Veja, e, no entanto, ainda serve muito bem 8 anos depois.
Os autores consideram a globalização como um acontecimento irreversível e irremediável. Os países em desenvolvimento que muitas vezes se apoiaram nela para aumentar seu crescimento, perceberam pouco depois que ela também pode ser caracterizada como um processo excludente e perigoso, uma vez que o capitalismo global e a onda de liberalização dos anos 90 causaram muitos estragos em economias que estavam crescendo e acabaram em uma profunda crise econômica. No texto, o ponto alto da ligação entre o capitalismo e a globalização vem expresso na seguinte afirmação: “Ironicamente, os comunistas chineses ajudaram a provar que o capitalismo é indispensável para tirar as pessoas da pobreza”. Isso porque, o momento em que a economia chinesa começou a despontar mundialmente foi justamente na década de 90 com uma maior abertura econômica impulsionada pela globalização. A partir de então, os chinese, que defendiam ferozmente os preceitos comunistas e fugiam da liberalização por motivos ideológicos, passaram a fazer parte do fenômeno da conexão global.
Outra discussão presente no artigo é a respeito do comércio mundial e das barreiras à exportação. Os países em desenvolvimento continuam sendo prejudicados pelos subsídios que os países ricos dão aos produtores agrícolas nacionais. E essa tendência, ao contrário do que os autores afirmaram no texto, está longe de ser revertida com o aprofundamento da globalização. Hoje, se pode afirmar isso com segurança, uma vez que a Rodada Doha da OMC ainda não conseguiu produzir efeitos suficientes nos governantes dos países ricos para que essas práticas protecionistas fossem desencorajadas. As conversas nesse campo vêm sendo pouco produtivas, já que as barreiras comerciais continuam sendo impostas por parte dos países desenvolvidos e, a abertura econômica para produtos estrangeiros não sofreu grandes alterações por parte dos países em desenvolvimento.
Já no campo político, a globalização obteve grande sucesso no quesito de levar idéias globais de democracia e liberdade para todos os cantos do mundo. A globalização, segundo os autores, serviu inclusive para passar uma idéia de que tudo o que acontece em qualquer parte do globo é “vigiado” pelas pessoas de outros os lugares. Ainda, esse fato serviria para pressionar os Estados Unidos, que mesmo sendo uma potência hegemônica, teria que prestar contas aos outros países. Esse fato é apoiado pela teoria da interdependência de Joseph Nye.
Os americanos, mesmo sendo um ponto chave para a globalização e fonte de sustentação para o capitalismo global, não conseguem resolver todos os problemas do mundo sozinhos. Está fora de seu alcance. Aliás, a cultura americana largamente espalhada pelo mundo acabou sofrendo grandes perdas durante o governo Bush devido à chamada “guerra ao terror”. O terrorismo é um dos problemas que não podem ser solucionados unilateralmente, assim como o combate ao narcotráfico, o desmatamento e a proteção do meio ambiente.


ALCÂNTARA, Eurípedes; SALGADO, Eduardo. A vitória dos ricos na globalização. Revista Veja, 29/05/2002. Disponível em: http://veja.abril.com.br/290502/p_096.html. Visualizado em: 26 de Março de 2010.



Etapa 3 - b) O Desenvolvimento do Sistema Capitalista de Produção

O sistema capitalista de produção durante o século XX esteve diretamente relacionado à indústria automobilística com o surgimento do fordismo, que possuía três principais características, a saber: Produção em massa, para reduzir o custo de produção e o preço de venda; Racionalização da produção através do parcelamento de tarefas; e a Linha de Montagem, na qual os empregados exerciam tarefas individuais sucessivas. O fordismo pregava a produção em larga escala, com baixos salários, condições precárias de trabalho e a maior obtenção de lucros possíveis, portanto este modelo de produção mostrou uma intensa exploração do trabalhador, como também um acúmulo de capital.
Diante disso, os trabalhadores nas décadas de 1960/1970 começaram a clamar por melhores condições de trabalho, mais respeito, e também o próprio Estado de bem-estar social acaba entrando em crise em países da Europa levando a este tipo de modelo de produção ao declínio. O que levou o fordismo a uma crise estrutural, caracterizada pela queda no lucro devido ao aumento do valor da mão-de-obra, resultantes desses clamores por melhores condições de trabalho.
Com isso um novo modelo de produção apareceu como solução para a crise do capital ocorrida nos anos 70, chamado de toyotismo, este dizia ser uma “alternativa” a exploração dos operários, pois via nestes o reconhecimento dos valores dos trabalhadores, da ação do trabalho em equipe e de suas qualificações profissionais, no entanto, o que se avistava era mais do mesmo, ou seja, o trabalhador continuava sem perspectivas de melhora, mal remunerado, trabalhando horas a fio, muitas vezes em situações desumanas, tudo em nome do enriquecimento desenfreado, da ânsia de alguns para a maximização dos lucros, da mesma forma que ocorria no fordismo.
Podemos concluir que durante todo o processo capitalista, o único objetivo sempre foi o lucro, não existindo respeito algum pelo trabalhador, priorizando apenas o capital. Em ambos os casos, fordismo e toyotismo, o objetivo era o lucro, os dois modelos de produção possuíam estratégias diferentes, porém, pretendiam-se chegar ao mesmo ponto.


Bibliografia:

PERES, Marcos Augusto de Castro. Do Taylorismo/Fordismo à acumulação flexível Toyotista: novos paradigmas e velhos dilemas. Disponível em: http://www.deboraprado.pro.br/disciplinas/globalizacao/arquivos-globalizacao. Visualizado em: 25 de Março de 2010.



Etapa 3 - a) Histórico do Processo de Globalização e o Desenvolvimento do Sistema Capitalista: Globalização e políticas públicas: vida, paixão e morte do Estado nacional ?

O texto "Globalização e políticas públicas: vida, paixão e morte do Estado nacional ?" do autor Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes tem como objetivo fornecer uma visão do processo de globalização econômica e  mostrar o papel do Estado em tal evento.
O autor divide o processo de globalização em três períodos. O primeiro é denominado "capitalismo organizado" e compreeende o intervalo entre 1870 e 1970. Nesse período, o Estado tinha grande participação na formação do capital por meio da proporção acentuada dos tributos e taxas na composição do produto nacional bruto. Além disso, houve a criação de novas formas de o Estado regular as relações entre as pessoas, como a criação de legislações trabalhistas e sociais.
Dentro desse intervalo, o autor dá um destaque para os últimos 25 anos, chamados de "os 25 gloriosos do pós-guerra". Tal período marcou a "reconstrução do mundo" por meio da hegemonia dos Estados Unidos e das regras de Bretton Woods, além de ter sido caracterizado pelo rápido crescimento econômico, tanto nos países centrais quanto nos periféricos, expansão do welfare state, regulação das relações de trabalho e relativa estabilidade nas relações internacionais.
A estabilidade citada no parágrafo anterior possuía relação com o sistema Bretton Woods, visto que ele viabilizava a livre troca de mercadorias por causa do sistema monetário mais estável e, ao mesmo tempo, dava certa autonomia aos Estados nacionais para protegerem sua estrutura interna (coalizões sociais) de eventuais movimentos de capitais destrutivos da ordem doméstica. Esse papel que o Estado desempenhava era chamado de consenso keynesiano pela similaridade com a idéia de Keynes, ou seja, o Estado deveria se proteger de resultados globais negativos em um mundo composto por iniciativas privadas cada vez mais criativas.
O segundo período compreende a década de 1970 e é chamado de crise de identidade do capitalismo organizado. Tal crise foi precedida pelo crescimento da tendência de questionamentos das regulações nacionais por parte do capital transnacional, passou pela criação de formas de "burlar" tais regulações e chegou ao momento em que o conflito ficou mais latente, como quando houve ataque às regulações nacionais no âmbito da produção, do comércio e das finanças. As reformas que foram processadasa nessa época buscaram atender ao que o mercado pleiteava, ou seja, houve a liberalização  dos fluxos  e/ou redução do controle sobre os movimentos de capitais.
O terceiro período compreende os efeitos dessa crise que são verificados até os dias de hoje (emergência do capitalismo reorganizado/aprofundamento da globalização). O crescimento econômico tem sido mais lento, o welfare state perde parte de suas prerrogativas e, com isso, o Estado perde poder. Há uma flexibilização da relações trabalhistas e cresce a instabilidade nas relações internacionais. Os Estados foram os atores que mais sentiram os efeitos do desenvolvimento da economia capitalista. Algumas de suas prerrogativas foram reduzidas ou delimitadas por entidades supranacionais como credores e organizações multilaterais como o FMI e a OMC.

Bibliografia:
MORAES, Reginaldo Carmello Correa de. Globalização e políticas públicas: vida, paixão e morte do Estado nacional ?, mai/ago. 2004, p. 309-333.
Disponível em:

Etapa 3 - a) Histórico do Processo de Globalização e o Desenvolvimento do Sistema Capitalista: Globalização Financeira – a utopia do mercado e a re-invenção da política

O objetivo do artigo “Globalização Financeira – a utopia do mercado e a re-invenção da política”, de Gentil Corazza, é analisar o processo recente da globalização financeira, que o autor chama de processo de “financeirização” da economia, e traçar um histórico sobre o processo de globalização financeira e o desenvolvimento de um sistema capitalista global. Um dos fatores mais importantes desse processo de globalização é o rápido crescimento dos mercados financeiros, que se desenvolveu com uma grande autonomia e consegui se desvincular do sistema produtivo e comercial.

Abaixo será citado fatos e processos que explicam a globalização financeira atual.

1 – Em 1984, houve a criação do Euromercado, que o autor acredita ser o embrião da globalização financeira, pois representou a formação de um mercado mundial de moeda “sem pátria” e revolucionou o caráter das atividades bancárias. O Euromercado representou o sistema financeiro mais liberal já visto.

2 – Outro fato fundamental para a globalização financeira foi um grande acúmulo de riqueza financeira e monetária que jamais havia sido visto no sistema capitalista. Fatos que contribuíram para esse acúmulo foram os choques do petróleo (1973 e 1979), a crise da dívida externa de países periféricos (final da década de 70 e início da década de 80), que foi agravada com a repentina elevação das taxas de juros em 1979.

3 – A restauração da conversibilidade das moedas européias e japonesas em ouro e a adoção do sistema de taxas de câmbio flexíveis em 1973 também foram fatos determinantes para a globalização , pois com a adoção desse sistema o valor das moedas era designado através do movimento de capital especulativo, então o Estado já não tinha mais a capacidade de fixar o valor de sua moeda, o que é uma demonstração importante da intensidade do processo de globalização financeira.

4 – E por último, mas não menos importante, devemos considerar também o fato da transformação do sistema financeiro americano. Pois com a liberalização financeira, os EUA decidiram adotar políticas restritivas e regulatórias para impedir a evasão de capitais, mas essas políticas tiveram um efeito contrário e acabam gerando uma reformulação no sistema financeiro e a internacionalização de diversas instituições financeiras norte-americanas.

Corazza, Gentil. Globalização Financeira - a utopia do mercado e a re-invenção da política. XXI Encontro Nacional de Economia, ANPEC, 2003. Disponível em: http://www.anpec.org.br/encontro2003/artigos/A24.pdf




sexta-feira, 26 de março de 2010

Etapa 3 - a) Histórico do Processo de Globalização e o Desenvolvimento do Sistema Capitalista: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade

Para falar sobre o histórico do processo de globalização e o desenvolvimento do sistema capitalista, achamos interessante utilizar,também, o texto Globalização em Questão: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade, dos autores Paul Hirst e Grahame Thompson.
O texto tem um argumento interessante de que não existiram fases radicais de mudanças, ou melhor, Hirst e Grahame registram um certo ceticismo em relação `a idéia  de que nós entramos em uma fase radicalmente nova da internacionalização da atividade econômica.
Lendo esses dois primeiros parágrafos muitos já discordam e pensam “ então as coisas permaneceram imutáveis?” Não, o texto mostra que reorganizações fundamentais foram e continuam sendo feitas na economia internacional, o que não significa que as coisas não mudaram ou que são totalmente novidade.
Os autores tratam, portanto, do histórico do processo de globalização, através da análise das reorganizações da economia internacional. Eles começam dizendo que muitos consideram o surgimento da globalização da atividade econômica após a década de 60, a qual foi um período de emergência da atividade multinacional e do rápido crescimento do comércio internacional. Subsequentemente, com o colapso do regime da taxa de câmbio semifixa de Bretton Woods, no período de 1971-1973, a expansão dos investimentos em títulos públicos internacionais e empréstimos bancários começou seriamente enquanto os mercados de capitais rapidamente se internacionalizaram, juntando-se `a complexidade das relações econômicas internacionais e proclamando a globalização genuína de uma economia mundial integrada e interdependente.
O volume do comércio exterior mundial expandiu em torno de 3,4% ao ano, entre 1870 e 1913. Após 1913, o comércio foi adversamente afetado pelo crescimento de tarifas, restrições quantitativas, controles de câmbio e, depois, pela guerra, e expandiu, em média, menos que 1% ao ano, entre 1913 e 1950.
As multinacionais industriais surgiram na economia mundial, após meados do século XIX, e que foram bem estabelecidas pela Primeira Guerra Mundial. A atividade de negócios internacionais cresceu vigorosamente na década de 20, quando a corporação multinacional verdadeiramente diversificada e integrada amadureceu, mas diminuiu durante a depressão dos anos 30 e os transtornos da guerra na década de 40, reiniciando uma expansão flutuante, após 1950.
Após 1950 o comércio realmente decolou para crescer mais do que 9% ao ano até 1973. Entre 1973 e meados da década de 80, a taxa de crescimento caiu, voltando a se aproximar dos níveis do final do século XIX e expandindo-se a uma taxa de apenas 3,6%.
Outra área que Paul Hirst e Grahame Thompson utilizam para analisar a história da economia internacional é a migração e as suas conseqüências para a integração do mercado de trabalho global. Para esses autores o significado de global é que, desde meados da década de 70, particularmente, um numero bem maior de países tem sido afetado pela migração, tem havido uma crescente diversidade de áreas de origem para migrantes e estes fazem parte de uma gama de condições socioeconômicas mais ampla do que antes. Assim, para esses autores, a globalização registra muito mais uma mudança quantitativa na extensão e no campo da migração do que uma característica de ordem socioeconômica potencialmente diferente. Mas entre as duas guerras mundiais, a migração internacional diminuiu bastante, pois as condições econômicas dos países reduziram e políticas restritivas de imigração começaram a serem estimuladas por muitos países receptores tradicionais, especialmente os Estados Unidos.
Dessa maneira, ambos autores concluem dizendo que a economia internacional era de muitas maneiras mais aberta no período pré-1914 do que tem sido, em qualquer momento, desde aquela época, inclusive do que do final da década de 70 em diante. O comércio internacional e os fluxos de capital, tanto entre as próprias economias rapidamente industrializadas quanto entre estas e seus diversos territórios coloniais, eram mais importantes em relação aos níveis do PIB  antes da Primeira Guerra Mundial do que provavelmente são hoje. Hirst e Thompson afirmam que além da questão da migração internacional, hoje temos uma economia internacional extraordinariamente desenvolvida, aberta e integrada. Portanto, de forma alguma, o período atual é novidade.


HIRST, Paul; THOMPSON, Grahame. Globalização em Questão: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade.  VOZES, Petrópolis, RJ, 2002.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Teste sua imersão na globalização

O Ford é um carro de que nacionalidade?
Resposta: depende (!).

A Ford americana é dona de 25% da Mazda japonesa, numa operação em que fabricam carros pequenos. Juntas, as duas companhias são sócias da coreana Kia Motors. A Kia vende peças para a Ford/Mazda. E a Yamaha japonesa vende os motores. O que aparece no final é um carro Ford, só que ele não tem identidade nacional. Para complicar ainda mais: o grande mercado desses automóveis é a Europa. Dentro de duas semanas, a Fiat lançará no Brasil um novo carro, o Palio, que vai substituir as versões 1 500 e 1 600 cilindradas do Uno. Será fabricado simultaneamente em Minas Gerais, Argentina, Colômbia, Venezuela, Índia, Marrocos e China. Será montado, em parte, com peças importadas da Venezuela, Marrocos, Equador, Egito, Argélia e Vietnã (REVISTA VEJA, 1996).

Etapa 2: d), e) - Principais argumentos apresentados pela Revista Veja, Otávio Ianni e FHC na década de 90

Após leitura e debate do texto “A roda global” da Revista Veja¹, da entrevista com o sociólogo e professor Ótavio Ianni² e da conferência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC)³, todos da década de 90, elaboramos este post com os principais argumentos apresentados pelos autores e sua relação com as diferentes perspectivas teóricas para a globalização.
Percebemos no texto da Revista Veja uma tendência ultraglobalista quando o autor faz sua análise sobre os impactos da globalização e a relação com o Estado-nação.
De acordo com o autor da reportagem, o mundo passou por profundas mudanças, e as principais ocorreram no âmbito econômico, que define a globalização da seguinte forma: “É um processo de aceleração capitalista, num ritmo jamais visto, em que o produtor vai comprar matéria-prima em qualquer lugar do mundo onde ela seja melhor e mais barata. Instala a fábrica nos países onde a mão-de-obra fique mais em conta, não importa se no Vietnã ou na Guatemala. Vende a mercadoria para o mundo inteiro.” (REVISTA VEJA, 1996). Ocorre então o que o autor denomina de “Entrelaçamento Econômico”. Outra característica é o “Dinheiro Volátil”, ou seja, o aumento da velocidade das transações financeiras.
O Estado está ficando cada vez mais sem recursos, enquanto as grandes corporações possuem recursos de sobra, e devido a isso, quem faz as grandes decisões econômicas são as corporações, e não mais os Estados. O autor ainda explica que na década de 70 as empresas dependiam dos governos, e hoje em dia ocorre o contrário, são os governos que dependem das empresas, pois através delas conseguem atrair para o Estado riquezas, emprego, desenvolvimento tecnológico, etc.
O autor também aponta para os aspectos negativos da globalização, entre eles o desemprego em escala global, que o autor chama de “desemprego estrutural”, pois com o avanço da tecnologia muitos serviços de mão-de-obra foram substituídos por máquinas, o que acarretou no desemprego. Otavio Ianni também concorda que o crecente desemprego no mundo deve-se as inovações tecnológicas, eletrônicas e robóticas, mas para Ianni o trabalho não está em declinio, o que ocorre é uma “potencialização da atividade produtiva”.
Outro motivo do desemprego, segundo o autor da Revista Veja, é o entrelaçamento econômico, pois o Estado pode buscar mão-de-obra e matéria-prima em outras regiões que sejam mais baratas, e assim gerar desemprego em seu Estado local. O desaparecimento das fronteiras nacionais também é visto como um aspecto negativo da globalização, pois os governos não conseguem mais controlar o capital nacional, e estão perdendo a capacidade de controlar o emprego e a renda da população, pois isso passa a ser tarefa das grandes corporações, que possuem um controle maior da economia.
Quando o texto foi escrito o autor considerou que a globalização ainda estava no inicio e que era muito dificil avaliar todos os aspectos deste fenomeno.
Já na entrevista com o sociologo e professor Otávio Ianni identificamos uma tendência transformacionalista com forte influência ultraglobalista, pois ele afirma que “a globalização é um fato indiscutivel, com complicações não só econômicas, financeiras e tecnológicas, mas também políticas, sociais e culturais" e, ao mesmo tempo define as empresas transnacionais como extremamente poderosas a ponto de influenciar, de acordo com os seus interesses, os governos de diversos países, sejam eles ricos ou emergentes.
Para Ianni o mundo está vivendo um novo ciclo de desenvolvimento, no qual o capitalismo está em escala planetária. De fato, o capitalismo vem de muitos antes, desde as antigas expedições de "descobrimento das américas". Ainda de acordo com Ianni neste sentido "deve-se falar não apenas sobre globalização, mas sobre mundialização, transnacionalização e planetarização".
Nesta entrevista especificamente Ianni faz um apelo aos jovens. Estes agora fazem parte de uma sociedade que é mundial, logo, o jovem é um cidadão do mundo e deve se repolitizar. Ou seja, para que entendam que o mundo está em constante mudança e que é de maior importância estar conectado e atento a estas alterações.
Por fim, na conferência com o ex-presidente FHC, em Joanesburgo - África do Sul, identificamos a perspectiva teórica transformacionalista.
De acordo com o que FHC diz, a globalização não fornece elementos suficientes para situar o Estado no desenvolvimento de cada sociedade, em geral, tende a diminuí-lo, a vê-lo, no limite, como simplesmente cumprindo funções de gestor das finanças públicas, no plano doméstico, e de negociador de tarifas sempre mais baixas, no plano internacional. Em alguns casos, novamente tendo como pano de fundo o êxito dos países asiáticos, admite a "intervenção seletiva" do Estado naqueles setores em que um país poderia desenvolver vantagem comparativa.
Hoje, segundo FHC, o Estado necessário num país como o Brasil será aquele que intervenha menos e melhor, que tenha capacidade de definir prioridades claras e mobilizar os recursos necessários para implementá-las. Na realidade, o papel do Estado é bem mais complexo, além das funções clássicas, como segurança, saúde e educação, tem de atender, no marco da democracia, a demandas crescentes, por mais eqüidade, por mais justiça, por um meio ambiente saudável, pelo respeito aos direitos humanos. A uma cidadania mais exigente deve corresponder um maior refinamento também das ações do Estado. Um Estado coeso e organizado, portanto forte, terá melhores condições de atender às necessidades oriundas da própria globalização. O Estado deve refinar-se, tomar-se mais agudo e mais aberto, porque o espectro de temas com que lida é mais complexo e difícil. Estamos longe da morte do Estado, como alguns profetizaram. Mas, precisamos de um Estado diferente do que, até hoje, existiu.
Como FHC diz em seu discurso, seria um erro grosseiro enxergar a globalização como resultante exclusiva das forças de mercado, e os Estados não podem renunciar o seu papel em nome de uma falsa ideologia do mercado, também porque os governos têm como influenciar a direção destes processos econômicos.
Por fim, paradoxalmente, a globalização leva a que estejamos obrigados a ter uma consciência maior, muito mais aguda e profunda de nossa individualidade, daqueles elementos que nos diferenciam no conjunto das nações. Porque será a partir desta consciência que se desdobrará o leque de nossas possibilidades de atuação internacional, através tanto de alinhamentos variados em diferentes temas da agenda internacional, quanto da construção de parceiras bilaterais que sejam promissoras para aumentar os fluxos de intercâmbio e as iniciativas de cooperação.

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¹ Reportagem da Revista Veja “A roda global” de 3/04/1996. Disponível em: http://veja.abril.com.br/arquivo_veja//capa_03041996.shtml

² Entrevista de Octávio Ianni “Globalização e Repolitização”, disponível em: http://www.globalizacion.org/entrevistas/IanniGlobalizacaoRepolitzacao.htm

³ Conferência do Senhor ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na Universidade de Witwatersrand. Joanesburgo, África do Sul, 27/11/1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/GLOBA6.HTM

segunda-feira, 22 de março de 2010

Etapa 2 a) Principais Pressupostos das Correntes Teóricas sobre Globalização: Os Céticos


O conceito de globalização, para os céticos, é só um discurso que serve para tirar a responsabilidade de cima dos Estados. Os céticos não questionam o papel do Estado, e sim, a globalização. Para eles, o Estado mantém a sua autonomia e capacidade reguladora.
A pergunta que eles se fazem é em que grau ocorreram as mudanças promovidas pela globalização E, além disso, houve mudanças estruturais no cenário internacional?
Os próprios céticos respondem essas perguntas dizendo que não ocorreram mudanças significativas no cenário internacional. Não existem uma novidade. E, além disso, a globalização não é um processo sem precedentes.
Quando falam a respeito da globalização econômica, costumam dizer que as empresas continuam mantendo seu vínculo com o Estado nacional, mesmo havendo integração econômica. Prova disso é que, segundo Giovanni Arrighi, “aconteceram mudanças qualitativas no mercado financeiro, mas não significa uma mudança estrutural no sistema”, ou seja, o Estado não perde sua autonomia.
Quando os céticos falam a respeito da economia internacional, eles alegam que, mesmo admitindo que ela seja integrada, antes da Primeira Guerra Mundial a abertura do mercado era maior do que é hoje. E ainda, o volume total do comércio internacional era maior naquele período.
Para Hirst e Thompson, “a liberalização (do mercado financeiro) foi fruto de decisão política e a supervisão (do Estado) vai até onde tal vontade permite.” Essa liberalização tornou difícil para o Estado tomar decisões sem levar em conta as ações dos demais Estados, no entanto, “há uma grande diferença entre aceitar esse fato e assumir o esvaziamento do Estado e a inutilidade da ação política. (GALVÃO. Globalização: Arautos, Céticos e Críticos, p.121) Do mesmo modo, Eric Helleiner, outro cético da globalização, aceita as mudanças provocadas pela liberalização ao mesmo tempo que critica sua irreversibilidade.
De acordo com Gerald Epstein, “a relação entre as nações-estado e os fluxos internacionais de capital diverge frontalmente da visão de que os mercados reduzem o papel dos governos.” “Enquanto a perspectiva dos globalistas defende que qualquer tentativa de interferência governamental é irrealista e contraproducente, Epstein, ao contrário, afirma que o poder estatal define o contexto para o funcionamento suave desses mercados.”(GALVÃO. p.121)

Etapa 2 a) Principais pressupostos das correntes teóricas sobre globalização: Transformacionalistas

A teoria transformacionalista surge como um complemento a teoria dos céticos e dos ultraglobalistas para explicar o processo da globalização.
Ambas as teorias fazem uso de dados quantitativos para analisar a globalização (ou falta de) econômica, principalmente na década de 90, enquanto que a teoria transformacionalista faz um resgate histórico para identificar as mudanças no cenário atual. A analise é qualitativa e, para essa corrente, houve mudanças que não podem ser descartadas pelos céticos.
Os transformacionalistas abordam, além da dimensão econômica, as dimensões: social, política e cultural. Incluem em seu debate temas como Integração, Regionalismo, Organizações Internacionais, Direitos Humanos e Meio Ambiente.
Contrapondo os ultraglobalistas, os transformacionalistas, assim como os céticos, demonstram que o nível de comércio na década de 90 recuperou os níveis de comércio de antes da 1ª Guerra Mundial. Mas contrapondo os céticos, os transformacionalistas afirmam que o sistema capitalista não é mais o mesmo de antes e, que mudanças como a revolução tecnológica pós década de 60 e a integração cultural são aspectos impactantes que não podem ser negados pelos céticos.
Quando se diz que o processo de globalização é historicamente sem precedentes, os transformacionalistas concordam com os ultraglobalistas, mas este primeiro vai além, apontando para as mudanças além da economia. 
São identificados três pontos principais:

1.                  As alterações qualitativas no cenário internacional (revolução tecnológica e de comunicação);
2.                  O papel dos Estados no contexto da globalização (alteração na capacidade dos Estados);
3.                  Intensificação dos padrões de interdependência (flexibilidade das fronteiras e novos atores);

Importante esclarecer que, para a corrente transformacionalista, a alteração na capacidade do Estado não significa que ele perdeu sua capacidade, mas sim que esta foi reduzida devido a novos itens em sua agenda, que seguem de acordo com a conjuntura internacional, incluindo ‘novos’ problemas com os quais o Estado não pode resolver sozinho, o que tende a gerar uma série de associações, blocos e regimes internacionais.
Sobre a revolução tecnológica esta corrente afirma que diferentes dimensões foram afetadas, tais como, a diminuição das fronteiras geográficas, a difusão cultural, o desenvolvimento da ciência, a integração do mercado financeiro, o aumento do comércio internacional, entre outros.
Quanto ao sistema capitalista, os transformacionalistas afirmam que a dimensão econômica tem impacto nas demais dimensões. A intensificação da interdependência (por conta do sistema capitalista) dos Estados altera a relação entre os atores do SI e tem impacto nas sociedades e na vida humana. Os ultraglobalistas dão mais ênfase ao capitalismo, como Otávio Ianni (2002) ao afirmar que “o capitalismo continua a ter bases nacionais, mas estas não são mais consideradas determinantes”, ou como Ulrich Beck (1999) que afirma a predominância da economia de livre mercado, e que o Estado está em uma situação onde o máximo possível é privatizado.
Em suma, as conseqüências da globalização para o Estado-nação segundo a teoria transformacionalista é de que a globalização reduziu a hegemonia do Estado na economia nacional, mas ele se mantém como entidade básica de regulação da atividade econômica. Os desenvolvimentos, tecnológico e econômico, criaram uma nova sociedade e estes agora são requisitos básicos para o desenvolvimento.
Neo-realismo crítico
Para Hurrell e Woods, a globalização afeta países e regiões de maneira diferenciada. O impacto da globalização também é condicionado por desigualdades políticas, tanto em nível internacional, como na esfera nacional. Os estados mais fracos enfrentam escolhas fortemente limitadas e “agendas” em cuja definição tem influencia restrita.
Eles partem da premissa de que, para estados grandes e poderosos (em termos globais ou regionais), a globalização é, ao menos ate certo ponto, um processo aberto a escolhas. Tais estados tem o poder de abrir ou fechar mercados mundiais ou regionais e de decidir o ritmo do desenvolvimento e aproveitamento tecnológicos. Já para os mais fracos, a globalização é algo a que devem reagir, aceitando ou não as regras impostas pelos atores dominantes. Mesmo esta alternativa de recusa talvez não exista na atual conjuntura mundial.
Como Susan Strange,os autores apontam para a relevância da desigualdade em termos de capacidade de liderança (ou controle) interno. Governos “fracos” tem maior dificuldade de conseguir que as forcas domesticas se adaptem as transformações ou acordos negociados no âmbito internacional. Novamente, para os países mais poderosos, sempre haverá a possibilidade de mudar tais acordos.
Resumindo, a perda de autonomia associada a globalização ocorre de forma desigual. Os estados mais fortes possuem maior capacidade de se resguardarem desse efeito por vários meios: adaptando os aparelhos governamentais domésticos as novas restrições e oportunidades, dominando os regimes internacionais por meio dos quais a  globalização é “administrada” , competindo de forma mais eficaz nos Mercados mundiais, ou desenvolvendo estruturas estatais capazes de controlar essa interdependência.
“ É provável que a globalização acentue a divisão entre “estados centrais” (que compartilham os valores e os ganhos da economia política global), e “estados marginalizados”. (Hurrell e Woods)
 Neomarxismo contemporâneo
 A preocupação de Hurrell e Woods com a desigualdade entre estados é de certo modo complementada pela critica de Stephen Gill ao processo de globalização – baseada nos instrumentos do materialismo histórico e, mais diretamente, no pensamento de Gramsci – que trata da desigualdade no interior das próprias sociedades.
Para Gill, o resultado da “globalização neoliberal” é uma situação de “supremacia”: o predomínio de um bloco não-hegemônico de forcas que mantém essa ascendência sobre populações aparentemente fragmentadas, por um dado período de tempo, ate o surgimento de formas coerentes de oposição.
Ainda no terreno – para ele fértil – das contradições do neoliberalismo, Gill recorda que os padrões de consumo atuais exigem a presença de “bens coletivos” capazes de assegurar funcionamento dos mecanismos de produção e troca. Os governos são chamados a regular e compensar problemas que decorrem desses padrões ( desemprego, tensões sociais, poluição, etc.). A ideologia e organização da economia mundial prevalecentes, no entanto, levam a cortes nas despesas publicas e a redução do escopo da ação do Estado.
Assim, a lógica contraditória do neoliberalismo promove a integração econômica global, mas, simultaneamente, solapa a base tributaria tradicional dos governos e limita sua capacidade de prover esses bens.
Divulgadores críticos
 Para eles esse é o resultado mais inquietante da nova realidade: o imenso poder e a mobilidade das empresas globais estão diminuindo, nos governos nacionais, a capacidade de implementar políticas essenciais em favor de seus povos. Desprovido de uma ideologia pratica que possa opor a nova ordem, o estado enfrenta uma crise de redefinição: precisa encontrar o caminho para gerir com êxito a economia nacional, de forma a assegurar estabilidade e crescimento, sem esmagar a sociedade e destruir o meio ambiente.
Os divulgadores críticos vêem mais problemas do que virtudes na globalização e concluem pela necessidade de subordinação do econômico ao político.
Na visão de Korten, o governo deve ter jurisdição efetiva sobre a economia situada no seu território, poder determinar e implementar regras sem a necessidade de demonstrar a outros estados e a empresas que tais normas não constituem barreira ao comercio ou ao investimento. As fronteiras econômicas, portanto, devem coincidir com as fronteiras políticas. Do contrario, o governo torna-se impotente, e a democracia, uma fachada vazia.
Ao contrario dos autores céticos como Barnet e Cavannagh, Korten não pensa que a resposta seja o “governo global”, mas a prevalência do nacional sobre o internacional. Para ele é necessário manter-se a subordinação do mercado, em primeiro lugar, a sociedade civil, e, em segundo, ao governo.
Para os divulgadores críticos, a globalização, por sua vez, levou a desregulamentação do comercio e das transações financeiras internacionais. Num primeiro momento, o poder deslocou-se dos governos para os bancos centrais – a campanha antiinflacionária de Paul Volker a frente do FED foi o símbolo maior dessa mudança - ; em seguida, os próprios bancos centrais viram questionada a sua capacidade de controlar o mercado financeiro.

domingo, 21 de março de 2010

Etapa 2 - a) Principais pressupostos das correntes teóricas sobre globalização: Ultraglobalistas

A principal característica da corrente ultraglobalista é afirmar que a globalização é um fenômeno inédito, pois acreditam que o cenário internacional passou por mudanças significativas que alteraram a sua dinâmica; a causa do pensamento ultraglobalista é a intensa integração econômica pelo desenvolvimento do sistema capitalista, pois os ultraglobalistas acreditam que a economia internacional passa por mudanças significativas na sociedade contemporânea.

Os ultraglobalistas se baseiam em três principais pressupostos, a saber; 1) Novidade histórica do processo de globalização; 2) Desenvolvimento da Economia Mundial rumo à integração econômica (integração dos mercados formando uma economia global); e 3) Redução e/ou alteração nas funções do Estado.

Os ultraglobalistas analisam o processo de globalização do ponto de vista econômico do debate, considerando as dimensões quantitativas do processo. Os ultraglobalistas acreditam que a economia mundial passa por alterações que mudam a ordem mundial, a economia passa a ser entendida como economia global. E a formação desse mercado global possui três características principais, a saber: desregulamentação (desenvolvimento produtivo); dinamismo; e desenvolvimento tecnológico. Ocorre a Interdependência Econômica, ou seja, a integração dos mercados formando uma economia global.

Nesse texto será tratado de dois representantes da corrente ultraglobalista, Kenick Ohmae e Thomas Friedman. De acordo Kenick Ohmae a Interdependência Econômica altera profundamente a dinâmica geográfica e os limites das fronteiras nacionais, Ohmae afirma que as fronteiras estão se tornando porosas, ou seja, elas estão se tornando mais flexíveis, e quem controla os limites dessas fronteiras não é mais o Estado-nação, quem controla os seus limites são os mercados globais. Ohmae acredita que os atores do Sistema Internacional não são mais os Estados, e sim os mercados globais.

Já Thomas Friedman não afirma que o Estado chegou ao fim, como afirma Ohmae, porém acredita que o Estado ganhou uma importância secundária, o Estado deve ser um facilitador do processo de globalização, deve trabalhar como promotor do desenvolvimento econômico, pois a preocupação central dos Estados deixa de ser a segurança dos seus cidadãos e passar a ser identificada como a maximização dos ganhos e o desenvolvimento econômico. Concluindo, para Friedman, o Estado deve se comportar como um Estado-Pequeno, ou seja, o Estado precisa deixar o mercado livre para distribuir o capital; um estado de qualidade atuaria como um Estado-Pequeno.

Etapa 2 a) Principais Pressupostos das Correntes Teóricas sobre Globalização: Os Ultraglobalistas

Ultraglobalistas são os autores considerados como entusiastas da globalização. Acreditam que a globalização é um fenômeno inédito e que o sistema intenacional tem passdo por mudanças estruturais que alteraram sua dinâmica.
Além disso, consideram que o Estado não é mas o principal ator não só no comércio como também no sistema interncional em si.  A corrente ultraglobalista é baseada em três pressupostos:

  • há uma novidade histórica no processo de globalização que vem ocorrendo desde o final dos anos 1980, com o triunfo do capitalismo;

  • desenvolvimento da economia mundial rumo à integração dos mercados;
  • redução e/ou alteração nas funções dos Estados, que passaram a presenciar a emergência de novos atores e a formação de um mercado global.
No texto de Galvão (1998) há uma exposição das idéias dos principais autores dessa corrente. Segundo ele,  alguns dos primeiros a ter tal visão dos acontecimentos mundiais foram Barnet e Müller que em 1974 publicaram o livro chamado "Global Reach". Tratam da importância das empresas multinacionais para entender a dinâmica do processo de globalização, especialmente no papel das empresas norte-americanas instaladas no exterior. Consideram que os gestores das transnacionais foram os primeiros a combinar organização, tecnologia, dinheiro e ideologia na busca pela integração mundial.
Já nos anos 1990, dois outros atores ultraglobalistas passaram a se destacar (Kenichi Ohmae e Robert Reich), especiamente com a idéia de aprofundamento no processo de integração da economia mundial. Esse é um dos poucos elementos em comum que tais autores utilizam para argumentarem sobre a globalização.
Ohmae tem uma posição um pouco mais radical do processo de globalização e considera que chegaram ao fim os Estados nacionais e suas fronteiras. As justificativas para tal afirmação seriam os fluxos de informação, industriais e financeiros que fizeram com que as fronteiras geográficas passassem a existir somente no papel. Há uma interdependência econômica, mas o papel do Estado ness processo foi modificado. As relações econômicas passaram a ser comandadas pelas empresas transnacionais e outros atores, ou seja, o Estado perdeu poder político e econômico. Com a flexibilização das fronteiras nacionais, os mercados globais passaram a controlá-las. Desaparece o papel do Estado como condutor das relações internacionais. Robert Reich trata de questões atinentes à relação entre o contexto interno dos Estados Unidos (busca da redução da desigualdade social) e o papel das empresas multinacionais norte-americanas e por meio dessa relação defende o nacionalismo econômico desse país.
Outro autor que está inserido entre os ultraglobalistas é Thomas Friedman, que ao contrário de Kenichi Ohmae, considera que o Estado não deixa de existir, mas passa a ter uma importância secundária. Passa a exercer a função de facilitador do processo de globalização. A preocupação central deixa de ser a segurança dos cidadãos e passa a ser identificada com a maximização dos ganhos e o desenvolvimento econômico. Há a idéia de Estado mínimo, ou seja, dá espaço para o mercado regular a economia e o deixa livre para atuar no processo de distribuição do capital.

Etapa 2 a) Principais Pressupostos das Correntes Teóricas sobre Globalização: Os Céticos

Para a corrente teórica dos céticos a globalização é um mito, pois esta não é um processo único na história, não causou rupturas, pois este mito foi criado para reduzir o papel do Estado. Portanto, o que esta corrente prega é uma análise crítica sobre a economia internacional, pois não há uma novidade histórica neste processo. Por isso, céticos econômicos como Hirst e Thompson argumentam que o conceito de globalização subestima a realidade, exagerando-a, e que neste caso não houve tantas alterações assim pois (Globalização: Arautos, Céticos e Críticos, pág. 118):
  1. o nível de integração alcançado hoje pela economia mundial não é inédito;
  2. companhias genuinamente transnacionais são relativamente raras;
  3. a mobilidade do capital não tem levado ao maciço redirecionamento dos investimentos e do emprego dos países avançados para as nações em desenvolvimento;
  4. tal como reconhecem até mesmo alguns dos advogados da globalização, a economia mundial está longe de ser "global", uma vez que comércio, investimento e fluxos financeiro concentram-se na "Tríade" (Europa, EUA e Japão), e tal predomínio tende a permanecer e
  5. estas três potências são capazes, portanto, especialmente se coordenarem as respectivas políticas, de exercer forte influência sobre a economia mundial; assim, os mercados globais seguem ao alcance do controle e regulamentação governamental.
Já para os céticos políticos todo o debate gira em torno dos Estados, Kenneth Waltz um dos maiores céticos políticos argumenta que os Estados não são os únicos atores importantes do sistema internacional, que existe sim atores relevantes como as multinacionais e as atividades transnacionais, porém deixa claro que toda a estrutura política internacional continua a ser definida a partir da interação dos Estados; os movimentos transnacionais operam dentro dessa estrutura (Globalização: Arautos, Céticos e Críticos, pág. 126). Com isso, nas décadas de 1970/1980 a globalização acabou misturando-se com a questão da interdependência, pois os entusiastas da globalização afirmavam que a maior interdependência aumentava as chances da manutenção da paz. Contudo, Waltz rebate esta idéia, pois segundo ele, a maior proximidade, ao contrário, eleva a probabilidade de conflito ocasional. "Se a interdependência crescer mais depressa de que o desenvolvimento de um "controle central", acabará por precipitar o momento da guerra" (Globalização: Arautos, Céticos e Críticos, pág. 126-127). Portanto, neste sentido, Waltz argumenta que só vai existir interdependência entre duas partes, por exemplo (contexto da Guerra Fria), quando o custo de romper o intercâmbio que as vincula é aproximadamente idêntico para ambas.
Por fim, para outros céticos políticos como Robert Keohane e Joseph Nye o processo da globalização merece  maior atenção principalmente por afetar diretamente o papel dos Estados, discordando das idéias  realistas doWaltz, pois afirmam que existe sim a continuidade de alguns processos, mas que também houve algumas mudanças/transformações, como por exemplo que: "os avanços da tecnologia e o aumento das transações econômicas internacionais levarão ao um novo mundo no qual  os Estados, e seu controle sobre a força, deixarão de ser importantes" (Globalização: Arautos, Céticos e Críticos, pág. 128). Neste sentido, a interdependência surge entre os atores, pois " interdependência significa dependência mútua, situações em que o relacionamento implica redução recíproca, mas não necessariamente simétrica, da autonomia entre países, ou entre atores situados em diferentes nações[...] relações de interdependência assimétrica constituem fontes de poder entre atores, estatais e não-estatais"(Globalização: Arautos, Céticos e Críticos, pág. 128).

Efeitos culturais da globalização

Por Antonio Inácio Andrioli
Doutorando em Ciências Sociais na Universidade de Osnabrück - Alemanha

“Nós vivemos na era da globalização, tudo converge, os limites vão desaparecendo”. Quem não ouviu, no mínimo, uma destas expressões nos últimos anos? A globalização é um chavão de nosso tempo, uma discussão que está na moda, onde opiniões fatalistas conflitam com afirmações críticas, e o temor de uma homogeneização está no centro do debate. Suposições de uma sociedade mundial, de uma paz mundial ou, simplesmente, de uma economia mundial, surgem seguidamente, cujas conseqüências levariam a processos de unificação e adaptação, aos mesmos modelos de consumo e a uma massificação cultural. Mas há que se perguntar: trata-se apenas de conceitos em disputa ou há algo que aponte, de fato, nesta direção? Quais são, afinal, os efeitos culturais da globalização?
O processo de constituição de uma economia de caráter mundial não é nada novo. Já no período colonial houve tentativas de integrar espaços intercontinentais num único império, quando a idéia de “dominar o mundo” ficou cada vez mais próxima. Por outro lado, a integração das diferentes culturas e povos como “um mundo” já foi desejada há muito tempo e continua como meta para muitas gerações. Sob esta ótica, o conceito de globalização poderia ter um duplo sentido, se ele não fosse tão marcado pelo desenvolvimento neoliberal da política internacional.
Conforme o sociólogo alemão Ulrich Beck¹, com o termo globalização são identificados processos que têm por conseqüência a subjugação e a ligação transversal dos estados nacionais e sua soberania através de atores transnacionais, suas oportunidades de mercado, orientações, identidades e redes. Por isso, ouvimos falar de defensores da globalização e de críticos à globalização, num conflito pelo qual diferentes organizações se tornam cada vez mais conhecidas. Neste sentido, não se trata de um conflito stricto sensu sobre a globalização, mas sobre a prepotência e a mundialização do capital. Esse processo, da forma como ele atualmente vem acontecendo, não deveria sequer ser chamado de globalização, já que atinge o globo de forma diferenciada e exclui a sua maior parte – se observamos a circulação mundial de capital, podemos constatar que a maioria da população mundial (na Ásia, na África e na América Latina) permanece excluída.
Essa forma de globalização significa a predominância da economia de mercado e do livre mercado, uma situação em que o máximo possível é mercantilizado e privatizado, com o agravante do desmonte social. Concretamente, isso leva ao domínio mundial do sistema financeiro, à redução do espaço de ação para os governos – os países são obrigados a aderir ao neoliberalismo – ao aprofundamento da divisão internacional do trabalho e da concorrência e, não por último, à crise de endividamento dos estados nacionais. Condições para que essa globalização pudesse se desenvolver foram a interconexão mundial dos meios de comunicação e a equiparação da oferta de mercadorias, das moedas nacionais e das línguas, o que se deu de forma progressiva nas últimas décadas. A concentração do capital e o crescente abismo entre ricos e pobres (48 empresários possuem a mesma renda de 600 milhões de outras pessoas em conjunto) e o crescimento do desemprego (1,2 bilhões de pessoas no mundo) e da pobreza (800 milhões de pessoas passam fome) são os principais problemas sociais da globalização neoliberal e que vêm ganhando cada vez mais significado.
É evidente que essa situação tem efeitos sobre a cultura da humanidade, especialmente nos países pobres, onde os contrastes sociais são ainda mais perceptíveis. Em primeiro lugar, podemos falar de uma espécie de conformidade e adaptação. Em função da exigência de competitividade, cada um se vê como adversário dos outros e pretende lutar pela manutenção de seu lugar de trabalho. Os excluídos são taxados de incompetentes e os pobres tendem a ser responsabilizados pela sua própria pobreza. Paralelamente a isso, surge nos países industrializados uma nova forma de extremismo de direita, de forma que a xenofobia e a violência aparecem entrelaçada com a luta por espaços de trabalho. É claro que a violência surge também como reação dos excluídos, e a lógica do sistema, baseada na competição, desenvolve uma crescente “cultura da violência” na sociedade. Também não podemos esquecer que o próprio crime organizado oferece oportunidades de trabalho e segurança aos excluídos.
Embora tenham sido desenvolvidos e disponibilizados mais meios de comunicação, presenciamos um crescente isolamento dos indivíduos, de forma que as alternativas de socialização têm sido, paradoxalmente, reduzidas. A exclusão de muitos grupos na sociedade e a separação entre camadas sociais têm contribuído para que a tão propalada integração entre diferentes povos não se efetive; pelo contrário, isso têm levado a um processo de atomização da sociedade. O valor está no fragmento, de modo que o engajamento político da maioria ocorre de forma isolada como, por exemplo, o feminismo, o movimento ambientalista, movimentos contra a discriminação ética e sexual, etc. Tudo isso sem que se perceba um fio condutor que possa unificar as lutas isoladas num projeto coletivo de sociedade. Nessa perspectiva fala-se de um “fim das utopias”, que se combina com uma nova forma de relativismo: “a verdade em si não existe; a maioria a define”.
No que se refere à educação, cresce a sobrevalorização do pragmatismo, da eficiência meramente técnica e do conformismo. O mais importante é a formação profissional, concebida como único meio de acesso ao mercado de trabalho. A idéia é a de que, com uma melhor qualificação técnica, se tenha maiores possibilidades de conseguir um emprego num mercado de trabalho em declínio. Em conseqüência a isso, a reflexão sobre os problemas da sociedade assume cada vez menos importância; e valores como engajamento, mobilização social, solidariedade e comunidade perdem seus significados. Importante é o luxo, o lucro, o egocentrismo, a “liberdade do indivíduo” e um lugar no “bem-estar dos poucos”. Esses valores são difundidos pelos grandes meios de comunicação e os jovens são, nisto, os mais atingidos. A diminuição do sujeito/indivíduo surge como decorrência, pois o ser humano é cada vez mais encarado como coisa e estimulado a satisfazer prazeres supérfluos. Os excluídos são descartados sem perspectiva e encontram cada vez menos espaço na sociedade que, afinal de contas, está voltada aos consumidores, enquanto o acesso público é continuamente reduzido.
Por outro lado, há reações que se desenvolvem internacionalmente contra essa tendência. A ampliação das possibilidades de comunicação tem contribuído para que protestos isolados pudessem se encontrar e constituir redes. O lema: “pensar globalmente e agir localmente” pôde ser superado, de forma que uma ação global se tornou possível, o que alterou a visão de mundo e os limites de tempo e espaço. Para além das diferenças étnicas, religiosas e lingüísticas dos povos, podemos falar de uma nova divisão do mundo: de um lado, uma minoria que é beneficiada pela globalização neoliberal e, de outro, a maioria que é prejudicada com a ampliação do livre mercado. Esse conflito está no centro do debate atual da humanidade, cujos efeitos caracterizam o espírito do nosso tempo e influenciarão a cultura da humanidade futura. Se a imagem das futuras gerações será fragmentada ou mais homogeneizada ainda não se sabe, mas a possibilidade de uma crescente desumanização é muito grande.

¹ BECK, U. (1997) Was ist Globalisierung? – Frankfurt: Suhrkamp.

Dísponivel em: http://www.espacoacademico.com.br/026/26andrioli.htm

sábado, 20 de março de 2010

Etapa 1: c), d), e) - Regresso da nação?

Segundo David Held, a participação do Estado na globalização se dá por meio da criação de estruturas que  facilitem tal processo. No artigo de João Cardoso Rosas há uma crítica a esse conceito nos dias atuais, pois se o Estado era importante nesse processo, depois da recente crise financeira houve um reforço de seu papel contra a globalização.  O reforço das identidades nacionais ao invés da universalização das mesmas é vista por ele como uma maneira de ajudar o Estado a lutar contra os efeitos da globalização, por esta ter sido considerada a causa da crise financeira internacional. Muitos países tomaram medidas para proteger suas economias como uma forma de enfrentar as consequências da crise, como o desemprego, quebra de bancos e fechamento de fábricas, seguindo um caminho oposto ao que Held afirma em seu texto.

Link da notícia:

Etapa 1 c), d), e) - “Uma Globalização Justa: Criando oportunidade para todos”

Este é o nome do relatório divulgado em 2004 pela Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização, vinculada a OIT, onde diz que a globalização ‘pode e deve’ mudar.
Esta noticia vem diretamente de encontro com as críticas que Beck faz ao processo de globalização, pois ele afirma que o Estado é o que mais perde com este processo e, seria necessário reformular a atuação do Estado para que este pudesse ganhar com o processo de globalização.
O estudo destaca que o desemprego no mundo atingiu o seu recorde histórico, com 185 milhões de desempregados no planeta e o crescimento desenfreado da economia informal.
A reportagem diz que “vista pelos olhos da vasta maioria dos homens e mulheres, a globalização não atendeu às suas simples aspirações por empregos decentes e um futuro melhor para seus filhos.”
É como afirma Beck “[...] Estado de bem-estar social e do sistema de aposentadoria, da assistência social e da política comunitária, da política de infra-estrutura, o poder organizado dos sindicatos, o sistema de negociação de salários [...] tudo derrete sob o novo sol desértico da globalização na configurabilidade política” (BECK, 1999, p. 13-14).

Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/story/2004/02/040224_globalizacaoms.shtml

Etapa 1: c), d), e), Um novo paradigma?

Segundo David Held, "a globalização denota a escala crescente, a magnitude progressiva, a aceleração e o aprofundamento do impacto dos fluxos e padrões inter-regionais de interação social", além de tornar os Estados mais suscetíveis aos acontecimentos de outros. De acordo com o artigo de Amir Khair que trata da forma como a crise internacional expôs a fragilidade financeira dos países desenvolvidos, a regulação dos preços está cada vez mais sendo deslocada das políticas monetárias internas para os preços que a concorrência internacional determina, ou seja, o impacto do avanço da globalização comercial e sua interconexão de mercados causou o enfraquecimento das políticas monetárias locais. Dessa forma, há uma diminuição da autonomia dos Estados nacionais na elaboração de suas próprias políticas monetárias, visto que elas têm que se ajustar ao mercado internacional.

Link da notícia:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=2&id_noticia=125006

sexta-feira, 19 de março de 2010

Etapa 1 c), d), e) - O desafio da globalização

Em dezembro de 2005 foi publicada uma entrevista com o advogado Eduardo Felipe Pérez Matias, autor do livro A Humanidade e suas Fronteiras – Do Estado Soberano à Sociedade Global, nessa entrevista Matias cita argumentos que corroboram a visão de Beck a respeito do conceito de globalização, pois ambos acreditam que o estado teve sua soberania afetada pelo processo da globalização.
Beck acredita que os atores transnacionais estão ameaçando a soberania dos Estados, Matias também concorda e diz que atualmente as grandes corporações transitam com total liberdade e o aumento do fluxo de capitais torna mais difícil o controle da economia pelo Estado.Contudo, o Estado é dependente desses atores transnacionais para conseguir se inserir no mercado internacional e atrair riquezas para o seu território através deles.
Ulrich Beck e Eduardo Felipe Matias acreditam que o Estado tem sua soberania afetada pois ele é limitado nas suas políticas econômicas, sofrendo pressão do mercado financeiro internacional e dos atores transnacionais, como empresas e até mesmo organizações, como o FMI, por exemplo.

Etapa 1 c), d), e) - O papel do Estado na sociedade brasileira

Uma notícia escrita por Rubens Barbosa, publicada no jornal Estado de São Paulo em 08/03/2010, é iniciada com a seguinte frase: "A crise econômica e financeira de 2008 sinalizou o fim de uma era em que o Estado reduzia sua presença na economia e na sociedade em geral.", o que discorda totalmente com a definição de Beck sobre o conceito de globalização. Segundo Beck, a globalização significa um processo em que os Estados são sumetidos à força dos atores transnacionais, sofrendo interferências em sua soberania, identidade e redes de comunicação. Já Rubens Barbosa acredita que após a crises econômica de 2008 o Estado voltou a ser o ator principal no cenário internacional, pois cabe ao Estado regulamentar o sistema financeiro e manter o equilibrio no mesmo, como ocorreu em 2009, com o Estado interferindo na economia para solucionar a crise, pois as empresas transnacionais não possuíam recursos para isso e foram muito prejudicadas com a recessão.


Etapa 1 c), d), e) EUA e Rússia discordam sobre Irã


No site da Folha de São Paulo, em 18/03/2010, uma notícia comum nos últimos meses estampa a seguinte manchete: "Em visita de Hillary a Moscou, EUA e Rússia discordam sobre Irã". O tão polêmico programa nuclear iraniano vem fazendo com que a Secretária de Estado Norte-Americana se desloque por várias partes do globo, no intuito de tentar pressionar os países para que se coloquem do lado americano nessa empreitada. Essa simples notícia nos mostra um posicionamento contrário à visão de Ulrich Beck, estudada anteriormente, sobre a globalização quando ele diz "não haver poder hegemônico ou regime internacional econômico ou político."

Se os Estados Unidos e a Rússia vêem a necessidade de conversar a respeito do tema, e o Irã de se defender, alegando constantemente que seu programa nuclear é para fins pacíficos, isso significa que, mesmo não havendo um regime internacional que controle as ações dos Estados, o poder americano ainda se sobrepõe aos demais. Na notícia, podemos ver frases que mostram a configuração do poder, tais como: "monitorar o país" e "adotar sanções contra o Irã".
Além disso, é possível notar que os Estados estão longe de "desmantelar-se", como Beck cita em seu trabalho. O poder do Estado continua tão forte quanto antes. Mesmo com as empresas multinacionais ganhando cada vez mais espaço no cenário internacional, o Estado continua exercendo suas funções principais, como a defesa de seu interesse.

Link para a notícia:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u708820.shtml

Etapa 1 c), d), e) Crise econômica mundial


"Daqui para frente, nada que venha a acontecer em nosso planeta será um fenômeno espacialmente delimitado". Essa afirmação, de Ulrich Beck, à respeito das consequências da globalização pode ser evidenciada na crise econômica mundial de 2008 e 2009, assim como na notícia do site G1, do dia 02/04/09, que diz que o "G20 inicia trabalhos para buscar soluções  a crise econômica".

A crise que se iniciou nos EUA, não demorou muito a afetar o restante dos países, inclusive, chegou mais forte do que no próprio Estados Unidos em alguns lugares. As várias reuniões do G20 em relação à crise mostram a integração econômica existente hoje em dia. Com o fenômeno da globalização, nada é simplesmente um acontecimento isolado. Durante a crise, os governos das 20 maiores economias do mundo, buscaram a integração para conciliar suas políticas e enfrentar a crise de uma forma mais rápida e eficaz.

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1069959-5602,00-G+INICIA+TRABALHOS+PARA+BUSCAR+SOLUCOES+A+CRISE+ECONOMICA+MUNDIAL.html

Etapa 1 c), d), e) Google sai da China

Como David Held argumenta, a globalização sugere um aprofundamento dos fluxos globais, como também a existência das relações inter-regionais, fazendo com que na verdade haja uma ampliação do comércio e que as atividades inerentes a este atravessem as fronteiras nacionais, como também os Estados e as sociedades estão cada vez mais enrendados em sistemas mundiais e redes de interação. No entanto, nem todos os Estados e/ou sociedades estão totalmente inseridos de fato neste processo de globalização, pois os países de um modo geral procuram meios para "sobreviver", garantindo assim a sua soberania diante da "invasão da globalização". É caso da notícia vinculada hoje no site do Estadão sobre o Google, o site de busca vai  sair do terrtório chinês por não aceitar as censuras da China, como também devido aos constantes ataques de hackers que operam a apartir da mesma. Contudo, o governo chinês argumenta que impõe restrições ao site de busca Google para operar em seu país, porque o mesmo deve obedecer as leis e regulamentos, respeitando as tradições culturais e o público da China Esta notícia representa uma oposição as idéias defendidas por Held ao afirmar que a globalização cria redes de interações mundiais entre Estados e sociedades, pelo menos isso não ocorre com todos, pois a globalização não é um processo homogêneo. Portanto, o governo chinês assim como outros países procuram ainda assegurar de alguma forma o domínio sobre o seu território e que a segurança de seu país/população passa diretamente pela tentativa de controle por parte do Estado.


Link para notícia:

Etapa 1 c), d), e) Alta de 100% no minério de ferro

De acordo com David Held, a globalização é a escala crescente, a aceleração e o aprofundamento do impacto, dos fluxos e padrões inter-regionais de interação social. Deste modo, uma mudança ou transformação que ocorra na escala da organização social liga-se a comunidades distantes ampliando o alcance das relações de poder nas grandes regiões e continentes do mundo. Então, comparando as idéias do Held e a notícia publicada hoje no site do Uol sobre a questão do pedido feito pela empresa Vale as empresas chinesas para aumentar os preços do minério de ferro, demonstrou a capacidade  que a empresa brasileira Vale detém  para influenciar o comércio internacional de minériode ferro. Portanto, a Vale junto com as empresas de minério da China, como também a Rio Tinto e a BHP Billiton acabam determinando os preços no mercado internacional do minério de ferro, gerando assim um "monopólio". Neste sentido, como bem afirma Held os acontecimentos locais acabam afetando os sistema global e vice-versa, pois é exatamente isso que a notícia mostra, " o aumento nos preços internacionais do minério de ferro também terá um impacto nos preços domésticos do minério de ferro e colocará uma enorme pressão sobre as siderúrgicas domésticas". Como já se tem visto uma valorização dos custos do minério de ferro no comércio internacional a tendência é que o preço da aço aumente ainda mais, daí a antecipação da Vale em reajustar os preços e não obter prejuízos, só que com essa atitude vários segmentos de aço no mundo podem sair prejudicados. Por fim, pode-se perceber que como argumenta Held os acontecimentos mundiais possuem sim uma interconexão, podendo impactar de uma forma positiva ou negativa as cidades, estados e países (e suas empresas), pois estes estão em constantes redes de interação.

Link para notícia:
http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2010/03/19/vale-pede-a-china-alta-de-90-100-no-preco-de-minerio-de-ferro.jhtm

quinta-feira, 18 de março de 2010

Etapa 1 c), d), e) Globalização espalha crise pelo mundo

Já citado nos posts anteriores do blog, David Held menciona que a globalização é conceituada como ação à distância, ou seja, os efeitos dos agentes de uma parte do globo podem ter influência em locais distantes. Outro conceito de globalização é como interdependência acelerada, que significa o aprofundamento dos laços que unem economias e sociedades nacionais, fazendo com que países se tornem vulneráveis aos acontecimentos dos outros.
Como exemplo de tal afirmação é interessante lembrarmos-nos da recente crise financeira mundial. Um dos exemplos que pode “provar” a afirmação acima de David Held é o caso da crise automobilística pelo mundo, em 2008. A manchete de uma notícia publicada no G1 era a seguinte: “Globalização espalha crise da indústria automobilística pelo mundo”. Começou nos EUA com a quebra da General Motors e Chrysler, gerando dessa forma um índice muito grande de desempregados. Com a crise no mercado norte-americano, o México viu as vendas de veículos cair e tenta escoar a produção para o Brasil e a Argentina, onde a restrição ao crédito também fez a procura por automóveis diminuir. Os reflexos chegam ao outro lado do mundo, com o pior desempenho comercial das montadoras japonesas no mercado interno, que resultou na demissão de vários trabalhadores, muitos deles brasileiros. E a emergente indústria da China e da Índia colocou o pé no freio do seu crescimento. “A crise da indústria automobilística atingiu a sua globalização.”
Como David Held defende, os países se tornaram vulneráveis aos acontecimentos dos outros!

Link para a notícia:
http://g1.globo.com/Noticias/Carros/0,,MUL930007-9658,00-GLOBALIZACAO+ESPALHA+CRISE+DA+INDUSTRIA+AUTOMOBILISTICA+PELO+MUNDO.html

Etapa 1 c), d), e) Encolhimento do Mundo!

Segundo David Held um dos conceitos de globalização é o processo de encolhimento do mundo, ou seja, a diminuição da importância das fronteiras, principalmente para a economia. Ele afirma que as limitações do espaço e do tempo desaparecem. Á medida que as atividades econômicas, sociais e políticas transcendem cada vez mais as regiões e as fronteiras nacionais, isso representa um desafio direto para o princípio territorial da organização social e política moderna, pois a globalização contemporânea reinventa e reconfigura as questões fronteiriças e territoriais.
Mas a questão é que quando lemos algumas notícias, como por exemplo, a visita do vice-presidente norte-americano, Joe Biden, a Israel na terça-feira passada (16/03/2010) para discutir com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sobre as fronteiras permanentes entre Israel e suas zonas vizinhas, mais especificadamente Jerusalém-Leste, a primeira coisa que pensamos é: e a globalização? Por que se fala tanto em globalização contemporânea e ao mesmo em fronteiras? O acontecimento, comentado acima, de certa forma contradiz as afirmações de David Held sobre o desaparecimento das limitações do espaço e da importância das fronteiras. Que a globalização causou essas mudanças de forma mais intensa em algumas partes do globo é possível verificar, mas generalizar não vem ao caso. Se no momento o governo de Israel está voltado para a questão das suas fronteiras e faz questão de afirmar que qualquer que seja as opiniões sobre as construções dos colonatos, qualquer que seja a solução tomada sobre o possível estatuto permanente, com fronteiras permanentes, essas zonas vizinhas serão sempre parte de Israel, significa que as questões territoriais e fronteiriças não perderam sua importância, no caso do Oriente Médio, muito pelo contrário, continuam sendo elementos essenciais não só no aspecto político, mas também no aspecto econômico, social e cultural.

Link para a notícia: