GLOBALISMO, GLOBALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO?

O que globalizou foi o fenômino do Estado-Nação. Agora tem Estado Nacional para todos os lados. No início do século XX, eram 60 países, no máximo. Agora tem 200 Estados. O capital, quanto mais fortalece e expande, mais fica nacionalista.

(José Luis Fiori)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Parte II - Etapa 1 a) Os desafios da revolução informacional





Jean Lojkine acredita que ocorreu uma Revolução Informacional, que se opõe a Revolução Industrial. A Revolução Industrial é caracterizada por uma revolução tecnológica em um único setor da economia, que é o setor industrial. Já a Revolução Informacional atinge todos os setores da economia, e se tratando de uma forma mais ampla, todos os setores de atividades da sociedade, não só o setor profissional.
Porém, uma vez mais, a revolução informacional não se limita a uma mera mutação tecnológica, mesmo sendo crucial; de uma forma mais global, é mais uma revolução na utilização humana da informação, e isto não é absolutamente a mesma coisa que denominamos revolução informática.” (LOJKINE, 1999, p. 70, grifos do autor).
Segundo Lojkine (1999, p. 70), houve um deslocamento do trabalho humano, que passou da manipulação da informação para o tratamento da informação, mas isso não significa que ocorreu uma substituição dos homens pelas máquinas. Com a revolução Informacional houve uma mudança na organização do trabalho, houve uma descentralização vertical nas estruturas organizacionais das empresas, e essa recomposição vertical gerou uma zona de conflitos e ambivalências entre o nível estratégico e o nível operacional (LOJKINE, 1999, p. 81).
Lojkine (1999, p. 82) acredita que deveria ser reduzido a zero este processo de descentralização vertical, pois a separação dos níveis de produção e qualidade aguça os conflitos entre as elites (informações estratégicas) e os grupos operacionais (assalariados), o que é a causa de crises das organizações burocráticas atualmente.
(...)a separação entre as tarefas de concepção e de execução conduz a um diálogo de cego e mudo: os dirigentes cegos não sabem o que se passa realmente nas oficinas e nos serviços e não podem considerar esses elementos nas suas concepções, dada a mudez dos executores no plano da estratégia.” (LOJKINE, 1999, p. 82).
Concluindo, segundo Lojkine (1999, p. 83), os maiores desafios da Revolução Informacional moram na questão das relações de trabalho, pois não existe uma ligação horizontal direta entre engenheiros, grupos de produção e conjuntos de gestão estratégica.
Manuel Castells inicia seu texto falando sobre a revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação, e como ela fez com que as bases das sociedades fossem afetadas de forma acelerada, e ainda, de como atividades das mais diferentes áreas se tornaram globais e informacionais. (CASTELLS, 1999, p.39)
Logo no começo, o autor deixa claro que, devido as tendências dessa revolução, o desenvolvimento que ela gerou nos mais diversos países provocou uma desigualdade acentuada, o que se caracteriza como um dos desafios da revolução informacional. (CASTELLS, 1999, p.40)
Segundo Castells (1999, p.40), “um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua universal digital está promovendo a integração global da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura como personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos indivíduos”. No entanto, ao mesmo tempo em que mudanças benéficas ocorreram, “atividades criminosas e organizações ao estilo da máfia de todo o mundo também se tornaram globais e informacionais”.
A frase que caracteriza o seu texto e remete aos desafios da revolução informacional é que, “as mudanças sociais são tão drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica”.
(CASTELLS, 1999, p.40)
Outro ponto apresentado pelo autor é que, a grande difusão de informações através da mídia vem arrastando os sistemas políticos para “uma crise estrutural de legitimidade”. (CASTELLS, 1999, p.41) Ou seja, todos os erros, ou melhor dizendo, a corrupção e a podridão persistente nos sistemas políticos, que outrora passavam despercebidos, agora estão expostos em todas as sociedades.
Ainda segundo Castells, “é claro que a tecnologia não determina a sociedade (…) nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica”, mas assim mesmo, “embora não determine a tecnologia, a sociedade pode sufocar seu desenvolvimento principalmente por intermédio do Estado. Ou então, também principalmente pela intervenção estatal, a sociedade pode entrar num processo acelerado de modernização tecnológica capaz de mudar o destino das economias, do poder militar e do bem-estar social em poucos anos”. E, ele ainda afirma que, “sem dúvida, a habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada período histórico, traça seu destino a ponto de podermos dizer que, embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades”. (CASTELLS, 1999, p.43-44)
Para terminar, Castells afirma que “todas as sociedades são afetadas pelo capitalismo e informacionalismo, e muitas delas (certamente todas as sociedades importantes) já são informacionais, embora de tipos diferentes, em diferentes cenários e com expressões culturais/institucionais específicas.” (CASTELLS, 1999, p.57)

LOJKINE, Jean. Os desafios da revolução informacional no 

limiar do terceiro milênio. In: OLIVEIRA, Flávia Arlanch 


Martins (Org). Editora UNESP, 1999, p.129-141.


CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo, Paz e 


Terra, 1999.


Um comentário:

  1. Ficamos felizes de ver que um de nossos livros foi utilizado como referência para seu post. Esperamos que outros títulos também sejam úteis. Estamos à disposição para receber seus comentários, críticas, opiniões e sugestões. Um abraço da euipe da editora Paz e Terra!

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