GLOBALISMO, GLOBALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO?

O que globalizou foi o fenômino do Estado-Nação. Agora tem Estado Nacional para todos os lados. No início do século XX, eram 60 países, no máximo. Agora tem 200 Estados. O capital, quanto mais fortalece e expande, mais fica nacionalista.

(José Luis Fiori)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Parte II - Etapa 1 d) e) Impactos do avanço tecnológico na sociedade contemporânea

Como pensar a política internacional considerando as consequências da revolução informacional? Qual o impacto deste processo nos Estados Nacionais?

Tendo como base os textos utilizados anteriormente, e também algumas notícias coletadas a respeito do avanço tecnológico e o impacto que eles causam na sociedade contemporânea, podemos verificar que o Estado Nacional está intrinsecamente ligado à esta questão. Como afirmou Castells, é devido principalmente à intervenção estatal que a sociedade pode entrar num processo acelerado de modernização tecnológica capaz de mudar o destino das economias, do poder militar e do bem-estar social em poucos anos. (1999, p.43-44) Nessa mesma linha de pensamento, temos uma afirmação do Primeiro Ministro português, de que “uma rápida mudança na inovação, ciência e tecnologia só é possível com uma concertação estratégica entre Estado e empresas, entre Estado e mercado. Ele também disse que a inovação e o desenvolvimento tecnológico devem ser “uma das prioridades das políticas públicas e empresariais”, uma vez que “ninguém melhora a competitividade da sua economia, ninguém acrescenta mais valor aos produtos que produz, ninguém melhora a sua posição na economia global se não elevar também o seu ensino de excelência, virado para o conhecimento científico”. (Governo de Portugal, 2010)
Da mesma forma, podemos usar uma citação de outra notícia, na qual Ilan Goldman afirma que “o governo é um grande alavancador de trabalhos na área de TI no Brasil, na medida em que é um demandador de tarefas que têm de ser cumpridas pelo setor”. (Agência Brasil, 2010)
Nessa mesma notícia, podemos notar algumas consequências da revolução informacional na política internacional, quando o autor afirma que “o mercado mundial, cada vez mais interligado, oferece perspectivas favoráveis à exportação de produtos brasileiros de tecnologia da informação (TI)”, mas, ao mesmo tempo, ele afirma que “nesse ambiente cada vez mais globalizado, as empresas brasileiras precisam deter de fato essas tecnologias avançadas, ou seja, trazer uma novidade”. (Agência Brasil, 2010)
Para complementar a notícia da Agência Brasil (2010), podemos utilizar o argumento de Gorender (2007, s/p) que afirma que as empresas transnacionais continuam mantendo vínculos com os seus Estados Nacionais, então a atuação do Estado, tanto no âmbito econômico quanto no tecnológico, ainda é de extrema importância para a ascensão dessas empresas, que influenciam na política internacional dos seus respectivos Estados.
As EMs constituem uma questão de política internacional para todo Estado nacional onde tenham sua matriz (e certamente, não menos, porém de forma inversa, para os Estados onde estejam suas subsidiárias). Quando a matriz se situa em país dotado de amplo mercado interno, a EM tem nele suporte fundamental, um ponto de apoio da expansão globalizante.” (GORENDER, 2007, s/p).
Outras consequências das inovações tecnológicas e da globalização, de um modo geral, pode ser percebido no texto de Carlos José Pedrosa, A farsa da globalização, onde ele faz a seguinte afirmação: “Começando pelos países do primeiro mundo, vemos que nem eles praticam, realmente, o livre comércio, gradativamente substituído pelo protecionismo disfarçado. Os países ricos insistem que os países pobres, também chamados de países em desenvolvimento, devem aderir ao livre comércio e abrir seus mercados para os produtos dos países ricos. Aí está a armadilha. Enquanto insistem nessa abertura, adotam uma política protecionista, criando barreiras à entrada dos produtos do terceiro mundo.” E ele ainda completa com uma análise sobre a globalização, onde ele diz que “entende-se a globalização como integração econômica, numa base de cooperação e troca, havendo reciprocidade na distribuição dos benefícios do progresso e da tecnologia. No entanto, a globalização, como está sendo praticada pelos países industrializados – diga-se países ricos – não tem o objetivo de levar a todos os países os benefícios do desenvolvimento, acelerar o progresso de cada país ou gerar o bem-estar das populações, o que seria até aceitável e benéfico. (PEDROSA, 2010) Aqui, pode ser feito um link com a segunda advertência dada por Postman, onde ele diz que “as vantagens e desvantagens das novas tecnologias nunca são distribuídas equitativamente entre a população”, (POSTMAN, 2004, s/p) e, da mesma forma, os impactos deixados pelo avanço tecnológico, sendo eles positivos ou negativos, também não são divididos harmonicamente entre todos os Estados.
A globalização não objetiva desenvolver todos os países, não existe uma distribuição equitativa dos seus benefícios, o que acentua a desigualdade, como afirma Postman. Podemos confirmar essa afirmação através do argumento de Gorender (2007, s/p), que afirma: “por si mesma, a economia globalizada impede, a longo prazo, o ascenso de todos ao mesmo tempo.” (GORENDER, 2007, s/p), o que afirma a citação de Postman, pois segundo Gorender a lógica da globalização é a desigualdade, dos perdedores em contrapartida aos vencedores.
O que se indaga é se tal curso pode ser revertido, se a espontaneidade da globalização pode ser submetida a determinado controle eficiente, sem que se percam as conquistas positivas que vieram com ela.” (GORENDER, 2007, s/p).
Nessa sequência, a terceira advertência de Postman é que “qualquer tecnologia tem seu prejuízo”. (POSTMAN, 2004, s/p) E, então, podemos utilizar a notícia escrita por Daniel Oliveira para reafirmar isso, quando ele diz que “ligada em rede, a comunidade global pode dividir conhecimento, arte, tecnologia. Mas também a tragédia e as desgraças. As cinzas islandesas podem falir empresas, assim como o incumprimento bancário de proprietários de casas nos Estados Unidos pode arrebentar com a economia mundial. Potencialmente, tudo afeta toda a gente.” E ele mesmo faz uma advertência:não deixar que nenhuma tecnologia domine todos os aspectos da nossa vida (…) ou seja, a imprevisibilidade dos tempos de modernos, que resulta da globalização e da tecnologia, obriga a não abandonarmos totalmente os instrumentos dos velhos tempos.” (OLIVEIRA, 2010)
Gorender considera as vantagens do avanço tecnológico para as empresas transnacionais, e a revolução informacional trouxe diversos benefícios devido a velocidade das informações em rede. As novas tecnologias de computação e de telecomunicação permitem que os produtos sejam resultado de operações efetivadas em diferentes países e mesmo continentes, vinculadas em tempo real. Tal possibilidade incrementou a capacidade de expansão das empresas multinacionais (EMs), dando-lhes agilidade a fim de localizar suas operações nos pontos mais vantajosos sob os aspectos de custo e de mercado.” (GORENDER, 2007, s/p).

Textos e notícias:
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra, 1999. 


POSTMAN, Neil, Las 5 advertencias del cambio tecnologico. 2004. Disponível em: http://www.globalizacion.org/desarrollo/PostmanCambioTecnologico.htm

PEDROSA, Carlos José. A farsa da globalização. 2010. Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-farsa-da-globalizacao/44624/

OLIVEIRA, Daniel. O efeito borboleta. 2010. Disponível em: http://aeiou.expresso.pt/o-efeito-borboleta=f577294

GOVERNO DE PORTUGAL. Não há sucesso econômico sem inovação, tecnologia e conhecimento. 2010. Disponível em: http://www.governo.gov.pt/pt/GC18/PrimeiroMinistro/Noticias/Pages/20100516 _PM_Not_America_Latina.aspx


GORENDER, Jacob. Globalização, tecnologia e relações de trabalho. Estud. av., São Paulo, v. 11, n. 29, 1997. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010340141997000100017 &script=sci_arttext&tlng=en

AGÊNCIA BRASIL. TI no Brasil vence desconfianças e mira mercado globalizado. 2010. Disponível em: http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/tecnologia/noticia/2010/05/15/ti-no-brasil-vence-desconfiancas-e-mira-mercado-globalizado-221957.php

BORGES, Karine. Sistemas de informação e sociedade: Transformações sociais aceleradas. A sociedade está preparada para tais transformações?. 2010. Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/sistemas-de-informacao-e-sociedade/44922/

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