GLOBALISMO, GLOBALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO?

O que globalizou foi o fenômino do Estado-Nação. Agora tem Estado Nacional para todos os lados. No início do século XX, eram 60 países, no máximo. Agora tem 200 Estados. O capital, quanto mais fortalece e expande, mais fica nacionalista.

(José Luis Fiori)

domingo, 11 de abril de 2010

Etapa 4 C - Avaliação do texto "A resiliência do Estado Nacional frente à globalização"

O texto de Ricupero (2008) trata da forma como o Estado tem reagido à influência da globalização. Sem desconsiderar outros autores que apontam o enfraquecimento do Estado em razão do processo de globalização, Ricupero se propõe a demonstrar que o Estado tem se mostrado capaz de se adaptar e reagir às pressões da globalização e tem mostrado cada vez mais sua força, como no caso da proliferação da quantidade dos mesmos e da tendência que os Estados já existentes tem de perdurar, mesmo sem capacidade institucional mínima de se manterem (2008, p.130-131).
Apesar dessa capacidade que os Estados têm demonstrado, Ricupero não exclui a idéia de que eles são submetidos a tensões e obstáculos, oriundas  do avanço da globalização, como a ampliação das tensões causadas por atores não-estatais (2008, p. 134).
Segundo o autor (2008, p. 136), no início da década de 1990, havia uma grande perspectiva de que os perigos da globalização encontrariam meios de se propagar, devido ao fim do socialismo e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e da possível convergência visando a uma economia de mercado, essa tendo como ponto mais importante a criação OMC (Organização Mundial do Comércio). No entanto, tal perspectiva encontrou alguns obstáculos para se tornar realidade em razão dos efeitos das crises monetárias ocorridas nas mais diversas partes do mundo, o que fez com que se acentuassem os movimentos contrários à  globalização, especialmente com a mudança do foco das relações entre os países nesse período. Se antes a tendência era a proeminência dos mercados (importância maior do campo econômico), depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 a preocupação dos Estados passou a ser a própria segurança. Ricupero considera que esses acontecimentos contribuíram para que a globalização não pudesse mais encontrar as condições para se manifestar com força.
O autor (2008, p. 138) compartilha a idéia de que  para entender a situação do Estado Nacional é necessário compreender que nem tudo pode se reduzir à globalização, pois há forças no âmbito da segurança e da política, sendo que a influência de tais forças não tem como resultado imediato e necessário a redução das capacidades dos Estados.  Como por exemplo a criação da Organização das Nações Unidas e o consequente ampliação da idéia de segurança coletiva sob a liderança de tal órgão. Ainda segundo o autor, se existe a possiblidade de enfraquecimentos dos Estados, essa é, muitas vezes, concomitante ao fortalecimento de outros.
Em relação ao argumento de que a criação de organizações internacionais como a OMC poderia contribuir para que o processo de globalização se aprofundasse e o Estado perdesse força, Hirst e Thompson (2002, p. 294) apontam que "regimes de regulação, agências internacionais, políticas comuns sancionadas por tratado, tudo isso chega a existir porque os principais Estados-nação concordam em criá-los e em conferir-lhes legitimidade compartilhando sua soberania". Além disso, Thompson e Hirst (2002, p. 295)  argumentam que a importância fundamental que os Estados ainda possuem se deve ao fato de que eles são "os principais profissionais da arte de governar como processo de distribuição de poder, ordenando outros governos, dando-lhes forma e legitimidade".  Os dois autores compartilham a visão de Ricupero de que o Estado tem encontrado formas de se fortalecer frente aos possíveis efeitos que o processo de globalização possa apresentar aos mesmos.
O texto de Ricupero apresenta, no geral, uma visão de que os Estados Nacionais têm enfrentado obstáculos ao seu papel de principal ator das Relações Internacionais, mas tal afirmação não quer dizer que seu papel tenha se enfraquecido, pois ao mesmo tempo em que tais obstáculos têm surgido, o Estados têm mostrado cada vez mais sua força e novas formas de enfrentá-los. Os argumentos utilizados pelo autor para chegar a tal conclusão fornecem uma razoável base para entender a corrente de autores que afirmam que o Estado não perdeu poder com o processo de globalização. Por outro lado, tais argumentos são complementados pelas idéias de Hirst e Thompson (2008), visto que tais autores apresentam algumas das visões de Ricupero e também outros aspectos da preponderância dos Estados Nacionais em relação ao processo de globalização.

HIRST, Paul; THOMPSON, Grahame. Globalização em Questão: A economia internacional e as possibilidades de governabilidade. VOZES, Petrópolis, RJ, 2002.



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